quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Casa de Chá




Existe uma lenda que conta o surgimento do chá, cerca de 2730 a.C. um chinês muito higiênico só tomava água fervida, um dia estava de baixo de uma árvore, e uma folha caiu em sua água, e esta folha deu cor e sabor à água.
Essa história, porém está equivocada, pois se considera chá apenas o que vem de origem da planta camellia sinensis (que da origem ao chá branco, verde, vermelho, preto, amarelo e oolong) e tudo que não for de origem dela, e feito de alguma fruta ou erva, é considerado infusão, chamado de chá apenas por costume da maioria das pessoas.
 Lígia Basso, formada em pedagogia, especialista em chá e dona da A Loja do Chá – Tee Gschwendner em Brasília conta um pouco mais sobre as curiosidades do chá e fala um pouco sobre sua loja.
“A Casa de Chá é um conceito novo no Brasil, e principalmente em Brasília. “O que eu quero, acima de tudo é mostrar uma nova concepção de chá, agora não mais como medicamento e sim como prazer, é isso que a minha loja vende para meus clientes: o chá prazer.”
A casa é uma franquia alemã, existem apenas duas no Brasil, esta e uma em São Paulo localizada no Iguatemi, vende 200 tipos de chá agranel (a planta solta) e sem agrotóxicos. A planta do chá (Camellia Sinensis) tem suas variações devido as oxidações de suas folhas, é uma planta muito sensível, na qual até o suor de quem as colhe pode provocar diferença em seu sabor.
No chá branco que é o broto da planta, não é oxidado, tem suas propriedades bem ativas e só é colhida três vezes ao ano, é caro e raro, um chá mais suave.
Logo em seguida na escala de oxidação vem o chá amarelo, que é um pouco depois do broto, depois o verde, que não oxidado, o oolong que começa a fermentar e depois o processo é cortado, o vermelho que também é conhecido como ninho de passarinho devido ao seu formato, e por fim o preto que é 100% oxidado. Existe também um chá verde japonês considerado o mais caro de todos, chamado Gyokuro é plantado a 700 metros de altura, e três semanas antes da colheita é coberto por uma capa na qual aumenta sua clorofila e diminui o tanino (substância que deixa o chá mais forte) deixando ele com um sabor mais floral custando 180 reais 50 gramas.
O público da loja é o mais variável possível, desde crianças até idosos e apesar do calor e do pouco costume dos brasilienses em tomar chá o comércio tem tudo pra crescer. Basso diz que o comércio em agosto diminui um pouco devido ao calor e em julho a demanda é maior, também critíca o comércio brasiliense, falando que o novo aqui assusta, e ainda tem muito a se desenvolver.
Uma questão que gera dúvidas é o acréscimo de açúcar no chá, ao ser perguntado para Lígia Basso, o que ela acha ela diz “Tradicionalmente não se coloca o açúcar, pois ele altera o sabor do chá, mas aqui na loja é oferecido cristais de açúcar que não alteram esse sabor, se o cliente preferir. Mesmo assim, se ele quiser com açúcar, pode colocar, pois o que eu vendo é o prazer de estar tomando o chá, eu ofereço o chá e o cliente toma como quiser.”
Além do chá para se beber na Tee Gschwendner também se comercializa temperos feitos com o chá chamado Earl grey, geléias, chutneys, até mesmo sorvetes. Os preços da casa variam de 5,50 até 350 reais, dependendo do que se quer comprar.
Pamela Karime, vendedora da loja há dois anos fala que no início procurou o emprego pela curiosidade, mas não gostava de chá, e conhecia muito pouco, depois de um treinamento ela conta que aprendeu a gostar saber mais sobre infusões e se interessar sobre o assunto, “Tive que provar todos os tipos de chás pra poder falar para os clientes sobre ele, você acaba descobrindo mais sobre si mesmo” diz Karime.
Eu gostei muito do ambiente é muito agradável, aconchegante, acolhedor para se passar um tempo com pessoas queridas e saborear um bom chá, lá é tranquilo, e me remete a bons momentos, além disso o chá  propicia um momento de descanso. Manuela Ramos, estudante de Economia da UnB adoraria o local.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Das ruas para os palcos




As artes plásticas, o teatro, o cinema, a fotografia, a música e tantas outras formas culturais nem sempre estão dentro do contexto de muitas famílias, principalmente das mais humildes. A arte é um importante trabalho educativo, pois estimula a inteligência e contribui para a formação de personalidade do indivíduo, foi pensando nisso que estudantes de classe média resolveram ir até comunidades carentes e passar um pouco da cultura artística para crianças.

 David Mercado Faustino, estudante de Ciência Política na UnB, participa do Projeto do GDF “Escola Integral”, financiado pelo Ministério da Educação  que visa dar atividades para os alunos matriculados na quarta série na escola classe de São Sebastião no período contrário ao das aulas deles.

“Quem dá essas aulas são alunos que já se formaram no ensino médio e já tem aptidão em alguma área, ai desenvolvemos na escola atividades de teatro, cinema, xadrez, até matemática e judô”, diz Faustino.

O grupo é formado por 12 jovens que trabalham em duplas. Para que fique melhor o planejamento das atividades e as aulas acontecem apenas de terça e quinta.

Faustino acredita que esse trabalho ajuda na educação, forma pessoas mais humanas, desenvolve noções de trabalhos em grupo e o interesse por leitura, eles se empenham mais nos estudos, já que só tem direito as aulas quem frequenta também aulas de disciplinas curriculares, ele acredita  que estão no caminho certo, e que apesar de cometerem alguns erros este é o caminho.

O projeto começou dia 05/04/2011 e Faustino diz que percebe que houve um recebimento muito bom da parte de alunos e monitores, que saíram de lá muito empolgados, os pais das crianças aprovam o projeto, sentem segurança e gostam da ideia dos meninos não ficarem à toa em casa e nem na rua.

Questionado a Faustino como o projeto pode influenciar na vida das crianças é respondido que as atividades são pensadas para estimular a criatividade. E ele realmente acredita que essas oficinas dadas dessa maneira podem fazer com que os alunos não pensem mais na escola como um lugar entediante, mas sim um lugar onde podem se divertir, um lugar para se criar.

            Nilo Santos, estudante de cinema e mídias visuais do Iesb, participou do projeto “Caravana Buriti” na qual percorrem nove cidades do Centro-Oeste, partindo de Brasília e passando por oito cidades de Goiás e uma do Mato Grosso do Sul fazendo oficinas de música, circo, corpo e expressão entre outras. Ele registrou, filmou e fotografou tudo o que acontecia.

 “A experiência foi muito boa, conheci cidades que não fazia ideia que existisse, pude fazer meu próprio trabalho, minhas próprias fotos, conhecemos muitas pessoas interessantes. Vi que o Brasil ainda esta muito longe de ter escolas bem organizadas, muita cidade pobre, escolas precárias, foi uma lição de vida muito interessante onde pude refletir e abrir minha cabeça com outras coisas. O recebimento do público não poderia ter sido melhor, aonde nós chegávamos o pessoal ia atrás para saber quem somos, as crianças corriam atrás da caravana, nas apresentações e oficinas sempre se enturmavam, respeitando nosso trabalho, depois do teatro elas tocavam, e conheciam os instrumentos usados nas peças, dançavam igual aos personagens, e desenhavam as histórias que mais gostavam”, conta Santos.

            Mesmo fazendo parte de grupos diferentes, Santos e Faustino acreditam que esse tipo de ação que os jovens estão tendo em relação a aproximar as crianças mais carentes da cultura é extremamente importante para o futuro da sociedade, dizem que o trabalho criador faz com que os indivíduos desenvolvam sua imaginação, aprendem a conhecer melhor suas emoções, libera tensões, organiza pensamentos, sentimentos, sensações e ainda forma hábitos de trabalho. Eles ainda acreditam que quanto mais ações assim forem feitas, melhor será o crescimento cultural da população.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

A Guerra do Fogo e Semiótica



            O filme A Guerra do Fogo (La Guerre Du Feu,81, Fra/Can) retrata como era a civilização há 80.000 anos atrás, período este, anterior ao uso da língua, tendo a linguagem gestual muito intensa. A história mostra como duas tribos diferentes de hominídeos acabam tendo seu primeiro contato, uma dessas tribos é pouco evoluída (Noah,Gaw e Amoukar – membros principais dessa tribo no filme), não domina a técnica do fogo, (considerado símbolo de proteção naquela época), não entendem o que é um sorriso, que é considerado uma manifestação simbólica de acordo com a semiótica da cultura e um sin-signo, indicativo de acordo com Peirce, e vivem de forma extremamente rudimentar. A partir do momento em que encontram uma mulher de uma tribo mais evoluída (Ika) que estava aprisionada por canibais e começam a conviver com ela, esse comportamento começa a mudar, pois ela ensina a eles o que antes era desconhecido, desde a fazer fogo, até uma nova forma de reprodução. 
            Porém as maiores lições aprendidas seriam as experiências de um lado cultural, como habitações e ritos, já existentes na tribo dessa mulher e principalmente o aprendizado de uma forma mais complexa de se comunicar, com maior número de sons articulados.
             Em relação à cultura podemos identificar no filme como Ika  usou uma das raízes da semiótica da cultura para mostrar para os integrantes da outra tribo como olhar o mundo de uma forma diferenciada, no momento em que ela ri de uma pedra jogada na cabeça de um deles mostrando um estado de êxtase. Ao chegar da tribo de Ika pode-se notar que há vários rituais, quando um dos integrantes da tribo menos evoluída chega, ele é recebido com muita comida e bebida, e as melhores mulheres da tribo são ofertadas a ele.
              Isso mostra a que o desenvolvimento daquela tribo, necessitava estabelecer vínculos com a experiência e simbolizá-la (ontogênese) e é possível até dizer que isso era feito (por aquela tribo) como tradição, e que foi passado para seus descendentes (filogênese). E no final a tribo menos complexa, adere a certos costumes, da tribo de Ika


                 "Reconhecendo a existência da cultura como tal, significa reconhecer que todas estas atividades atendem a regras comuns, e assim não existem as fronteiras que isolam umas das outras, não permitindo que se comuniquem entre si. A cultura é um macrossistema comunicativo que perpassa todas as manifestações e como tal deve ser compreendido para que possam compreender assim as manifestações individuais." (BAITELLO,1999,p.18).

Voltando ao tema da importante lição da maior complexidade da comunicação com sons mais articulados, é completamente coerente que isso seja relacionado com a semiologia de Ferdinand de Saussure, já que ela trata da linguagem verbal, e do seu significante e significado. A partir do momento em que é ensinado para Noah,Gaw e Amoukar a possibilidade de articulações de sons na comunicação mais complexa, houve a maior facilidade de troca de informações, que talvez não pudesse ser expressa pelo gesto, já que pela língua, que é um sistema de valores entendidos como diferenças, e que surgem oposições de um signo em relação a outro signo e da oposição desse signo em relação a todos os demais, podemos notar como maior percepção as distinções de idéias.
O que é vinculado entre o emissor e o receptor é o conjunto de significado pelo significante, quando o emissor se põe a comunicar ele o faz propositalmente, ele tem um nível psíquico ( intenção de se comunicar) e ele passa isso para o agente através da fala, ele emite seus pensamentos através das palavras e sons que passa para o meio físico (ondas sonoras), e finalmente para o receptor que atribui para aquela fala um significado. (É isso que começa a acontecer no decorrer do filme, com Ika e Noah)
O filme nos mostra a origem da linguagem e é importante notar que os signos estabelecidos são completamente arbitrários, e que instituindo a relação do significado e do significante, convencionando-o, ela se torna legitimada. “O princípio da arbitrariedade do signo não é contestada por ninguém” (SAUSSURE,19--,p. 82). A linguagem é um produto social e sua tendência é ser constantemente materializada e reproduzida pela comunidade falante, porém ela se perpetua.
Para finalizar, é importante saber que há uma grande característica paradoxal na língua, o fato dela ser imutável, pois ela continua no tempo, ela vai sendo refeita continuamente por nós, porém segue uma mesma estrutura, e também é mutável, pois palavras entram em desuso, há mudanças na grafia e naturalmente sofre alterações.
 E graças a isso, hoje temos uma linguagem complexa e não tão rudimentar como o das tribos do filme A Guerra do Fogo, que naquela época era considerada tão complexa.


Casa de Chá

Existe uma lenda que conta o surgimento do chá, cerca de 2730 a .C. um chinês muito higiênico só tomava água fervida, um dia estav...